O edital de licitação de 1.537 quilômetros da Ferrovia Norte Sul (FNS) confirmou a denúncia feita pelo deputado federal Pedro Uczai (PT/SC) na Tribuna da Câmara dos Deputados. O parlamentar alertou antecipadamente que estava acontecendo uma situação em que apenas duas empresas (Vale e Rumo) participariam do processo licitatório, o que foi confirmado na abertura dos envelopes com as propostas de compra. A empresa vencedora do leilão foi a Rumo que ofertou pouco mais de R$ 2,7 bilhões.
O trecho leiloado, que era controlado pela estatal Valec, inicia em Estrela D’Oeste (SP) e vai até Porto Nacional (TO), passando pelos estados de Minas Gerais e Goiás. A Rumo já controla atualmente a ferrovia que liga Estrela D’Oeste até o porto de Santos (SP). A Ferrovia Norte-Sul (EF-151) foi pensada como um eixo norte-sul “cortando” a região central do território brasileiro, possibilitando a conexão entre as malhas ferroviárias que dão acesso aos principais portos e regiões produtoras do país.
Ao ser concluída a obra terá uma extensão de 4.155 quilômetros e cortará os estados de Pará, Maranhão, Tocantins, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, conectando os extremos do país. Desde o governo do ex-presidente Lula já foram investidos cerca de R$ 16 bilhões nas obras da Ferrovia Norte Sul. O trecho leiloado, segundo avaliações técnicas, estava com preço médio na ordem de R$ 6,5 bilhões, mas foi privatizado por Jair Bolsonaro (PSL) por um valor muito menor.
“É um grande escândalo do governo Bolsonaro a privatização deste trecho da ferrovia Norte-Sul por um ‘preço de banana’. Além de ser entregue por um valor bem abaixo do que vale, na prática apenas 5% do valor do lance será pago de imediato e o restante nos próximos 30 anos. Mais grave ainda é que a empresa assume por um modelo vertical, ou seja, essa empresa vai ser dona da ferrovia e dona dos trens, impedindo que outra empresa de transporte ferroviário coloque seus trens e locomotivas nesta ferrovia”, destacou Uczai.
Ferrovia Norte Sul
A FNS está dividida em três tramos: o primeiro (Tramo Norte) entre Açailândia (MA) e Porto Nacional (TO) com 720 quilômetros de extensão se encontra em operação comercial pela subconcessionária “Ferrovia Norte Sul S.A” desde 2007. Esse trecho não está incluso na concessão.
O segundo é o tramo compreendido entre Palmas (TO) e Anápolis (GO) (Tramo Central), com 855 quilômetros de extensão, e que se encontra em operação com movimentação de carga pela VALEC desde 2015. A estatal já promoveu o transporte de farelo de soja, madeira triturada, minério de manganês, barras de trilhos, locomotivas e vagões.
O terceiro é o tramo compreendido entre os municípios de Ouro Verde de Goiás/GO e Estrela d´Oeste/SP (Tramo Sul), com 682 km de extensão. As obras estão em fase final. Um dos destaques é o Pátio do Sudoeste de Goiás, cuja obra está praticamente concluída. Será o maior polo de carga de toda a Ferrovia Norte-Sul, situado próximo aos municípios de Rio Verde, Santa Helena, Jataí, Edéia e Quirinópolis.
