Para Uczai, o “Laranjal do PSL” derrubou o primeiro ministro do governo Bolsonaro

A exoneração do ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gustavo Bebianno, foi anunciada ontem no final da tarde pelo porta-voz do governo Bolsonaro. A crise pela saída do agora ex-ministro se estendeu por uma semana com troca de acusações via rede social entre Bebianno e Carlos Bolsonaro, filho de Jair Bolsonaro. A crise instalada foi por conta de um esquema de candidaturas laranjas do PSL durante o processo eleitoral de 2018 em diferentes estados.

Gustavo Bebianno foi um dos coordenadores da candidatura de Jair Bolsonaro e presidiu o PSL durante o processo eleitoral, tendo operado um esquema de candidaturas “laranjas” do partido especialmente de mulheres. Um exemplo é o repasse de R$ 400 mil à quatro dias da eleição para uma candidata do PSL de Pernambuco que fez 274 votos, que é um número de votos insignificante para quem possui, em tese, uma estrutura de campanha com gastos de quase meio milhão de reais. A denúncia é de que os valores recebidos por algumas candidaturas femininas pagou despesas de campanha de candidatos homens, o que é vedado pela lei eleitoral.

O que chama a atenção é que o deputado federal e atual ministro do turismo, Marcelo Álvaro Antônio, também está envolvido em esquemas de candidaturas “laranjas” do PSL no estado de Minas Gerais e recebeu tratamento diferenciado do governo. O ministro do turismo direcionou altos valores do fundo eleitoral para quatro candidatas mulheres do partido em MG e elas também obtiveram poucos votos. Porém, Bolsonaro exonerou Bebianno, mas, por outro lado, fez uma defesa pública de Marcelo Álvaro Antônio, o que demostra “dois pesos e duas medidas” para um mesmo problema dentro do partido do presidente.

De acordo com o deputado federal Pedro Uczai (PT/SC), o fato de Bebianno ter caído pode estar relacionado ao embate com o filho do presidente, o vereador do Rio Janeiro, Carlos Bolsonaro (PSL), e também ao fato do ex-ministro ter se manifestado contra as milícias que controlam pelo menos um hospital público no estado carioca. “Agora, ele tem que abrir, o povo brasileiro quer saber o que ele [Bebianno] sabe do processo eleitoral, das milícias do Rio de Janeiro e da relação com o governo e o presidente Jair Bolsonaro,” destacou Uczai. A relação entre o “Clã Bolsonaro” e as milícias veio a tona com uma denúncia de que o atual senador e ex-deputado estadual, Flávio Bolsonaro, empregou em seu gabinete na ALERJ pessoas ligadas a milicianos no estado.

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