Moro se contradiz e avalia que ‘Caixa 2’ não é mais um crime grave

A então presidenta Dilma Rousseff (PT) apresentou em março de 2015 um pacote de medidas de combate a corrupção incluindo a criminalização do “Caixa 2” em campanhas eleitorais e ainda propôs medidas complementares na chamada “Lei da Ficha Limpa”. A medida tipificava como delito penal ocultar recursos obtidos pelos partidos políticos não declarados nas campanhas eleitorais, prática que é considerada apenas infração penal e punida apenas na esfera administrativa.

A proposta de Dilma Rousseff não avançou devido ao processo de impeachment e foi deixada de lado pelo governo ilegítimo de Michel Temer (MDB) por pressão da sua base aliada dentro do Congresso Nacional. Temer se viu enrolado com os próprios ministros envolvidos em esquemas de financiamento ilegal de campanhas e a Política Federal encontrou um ‘bunker’ com mais de R$ 50 milhões em espécie num apartamento ligado ao seu então ministro chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Geddel Vieira Lima (MDB/BA).

Em 2017 numa palestra ministrada nos Estados Unidos, o então juiz da Operação Lava Jato, Sergio Moro, disse que o crime de “Caixa 2” é pior do que a corrupção no setor público. “Caixa dois em eleições é trapaça. É um crime contra a democracia. É algo assim (…) alguns desses processo me causa espécie de quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito para campanha eleitoral. Pra mim, corrupção para financiamento ilícito de campanha eleitoral é pior,” afirmou Moro.

Já o agora ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sergio Moro, que está ao lado de colegas ministros envolvidos no esquema do “Laranjal do PSL”, mudou de opinião em relação ao “Caixa 2”. Ao apresentar o seu pacote com medidas para minimizar a criminalidade no país ele disse que a captação de recursos ilícitos para campanhas eleitorais não é tão grave. “Caixa 2 não é corrupção. Existe o crime de corrupção e existe o crime de Caixa 2,” declarou Moro nesta terça-feira (19) em Brasília.

Enquanto ocupava o cargo de juiz, Moro, perseguiu os partidos de esquerda e as suas lideranças, mas agora muda de opinião sobre os temas para proteger seus aliados no Esplanada dos Ministérios e no Congresso Nacional. Outro exemplo da seletividade de Moro aconteceu no final do ano passado quando ele “perdoou” seu colega ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM/RS), que confessou ter financiado parte de sua campanha à Câmara dos Deputados com recursos não declarados à justiça eleitoral. “Ele já admitiu e pediu desculpas,” disse Moro sobre a confissão de Onyx.

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