Igualdade racial na educação é debatida na Câmara dos Deputados

Os participantes da Audiência Pública “Os Desafios e as Perspectivas sobre a Promoção da Igualdade Racial na Educação” defenderam que a educação é a principal via para garantir os direitos dos negros e o combate ao racismo. Várias lideranças participaram do debate sobre o tema, ocorrido nesta quarta-feira (21/11), na Câmara dos Deputados.

Representante do Fórum Nacional de Mulheres Negras do Brasil, Maura Cristina da Silva destacou que é preciso ter cuidado com o material didático produzido e adotado no país. “Tivemos livros que foram recolhidos. As crianças não se reconhecem no material didático”, pontuou.

Integrante da Comissão de Educação, que promoveu a audiência pública na Semana da Consciência Negra, o professor e deputado Pedro Uczai (PT-SC), propôs um novo debate em 2019 para tratar a questão dos livros didáticos. Uczai solicitou ajuda dos participantes para identificar os problemas nos livros didáticos. “Vamos avaliar a percepção que se tem, porque às vezes se mantém o estereótipo do negro”.

O deputado catarinense defendeu a ampliação do debate para a questão social e não somente racial. “Se trata de uma questão de luta de classe. Sem igualdade social não teremos igualdade racial”, ponderou. Em sua opinião, é importante garantir a permanência na universidade para combater as desigualdades. “Sem bolsa, quilombola e indígena vão embora”.

Segundo a representante do Fórum de Mulheres Negras, o racismo é estrutural no Brasil: “Não vamos a lugar nenhum se não resolvermos a questão racial”.

“É preciso incluir a questão racial na escola desde o ensino fundamental”, concordou a deputada estadual pelo Amapá, Cristina Almeida. “Queremos nossos direitos, que estão na Constituição, e justiça”, afirmou. Ela defendeu as políticas afirmativas e observou que as cotas para acesso à universidade têm um olhar diferenciado.

A representatividade no Congresso Nacional e nos espaços de poder foi destacada pelo subsecretário de Políticas de Promoção da Igualdade Racial do Distrito Federal, Victor Nunes Gonçalves. Ele também se mostrou preocupado com uma possível regressão nas políticas de igualdade racial com o novo governo eleito.

Valneide Nascimento dos Santos, presidente nacional do Instituto Afro Origem, divulgou que apenas 4% dos vencedores nas eleições de 2018 são negros. “Elegemos apenas 39 deputados estaduais”. Ela lembrou dos avanços ocorridos nos últimos anos e acrescentou que a Constituição garante os mesmos direitos aos negros, “mas a sociedade não nos vê”.

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