Deputada Margarida Salomão e especialistas debatem a Ciência e o futuro do Brasil

 

A Ciência e o Futuro do Brasil foi tema da Semana da Ciência e da Educação Pública Brasileira na tarde desta segunda-feira (22). A deputada Margarida Salomão (PT-MG) mediou o debate que contou com a participação de Fernanda Sobral, Vice-Presidente da SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência; Geovana Lunard, Presidente da ANPEd; e Wilson Savino, coordenador de Estratégias de Integração Regional e Nacional da Fiocruz.

Para a deputada Margarida Salomão a adversidade que o Brasil está passando com a pandemia do novo coronavírus poderia ser mitigada se o país praticasse “um pouco mais de amor à ciência e as suas recomendações”. Margarida também criticou o presidente Jair Bolsonaro que insiste em minimizar a Covid-19 e seus efeitos na vida da população.

“Infelizmente todos sabem, nós no Brasil temos uma liderança política negacionista que rejeita qualquer responsabilidade pela situação muito triste. Hoje mais de 50 mil pessoas mortas, brasileiros e brasileiras que perderam a vida nesse processo, não sabemos quantas dessas mortes seriam evitáveis se nós tivéssemos agindo de forma mais correta, mais adequada segundo as recomendações da ciência, dos órgãos técnicos e, destacadamente, da Organização Mundial da Saúde (OMS)”, apontou a parlamentar.

Escolhas do Futuro

A vice-Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Fernanda Sobral, abordou as escolhas a serem feitas pelas universidades nas atividades de pesquisa. “Se por um lado a produção do conhecimento deve fazer escolhas do futuro a partir de tendências internacionais de ciência, tecnologia e inovação, por outro lado, a produção do conhecimento tem que fazer também, escolhas do presente ligadas a políticas de ciência e tecnologia, aos programas de fomento e também ao atendimento de necessidades locais ou regionais, e algumas delas emergenciais”. Fernanda Sobral exemplificou os problemas emergenciais da sociedade que as universidades têm atendido como o caso do Zika vírus, o Petróleo que derramou e tomou conta da costa brasileira e a atual pandemia.

Fernanda Sobral afirmou que ao fazer as escolhas do futuro não se deve esquecer as escolhas do passado que ela classifica como “escolhas permanentes”. “As escolhas permanentes representam as histórias das instituições acadêmicas. E não podemos romper totalmente com a tradição das universidades”.

A socióloga destacou os desafios para a ciência e tecnologia no futuro: recursos adequados para ciência e tecnologia; renovação do ensino básico, técnico e superior; promover educação de qualidade e uma ciência cidadã; promover com muito mais intensidade a inovação tecnológica e social; além de considerar saúde e meio ambiente têm que ser considerados como componentes essenciais na dinâmica econômica também; aproveitamento planejado, racional e sustentável das riquezas e potenciais do País; redução das desigualdades sociais; a elaboração de políticas públicas visando o desemprego, medidas de proteção social, renda mínima, reforma tributária e a valorização do papel do estado e a superação do Neoliberalismo.

Autonomia da ciência

Fernanda Sobral também falou sobre a autonomia da ciência. “O caminho da autonomia acadêmica se cruza com os das múltiplas demandas econômicas, políticas e de movimentos sociais. A tradição, o presente e o futuro podem ser conciliados, pois a autonomia da ciência não significa o distanciamento dos interesses, ela não pode ficar ligada a grupos específicos. A exemplo dessa autonomia, que eu chamo de reflexiva, porque reflete a sociedade, é que se verifica agora, no período da pandemia, de uma escolha do presente a partir de uma necessidade emergencial da sociedade, e que ao mesmo tempo tem em conta essa escolha permanente que é a escolha da produção do saber”.

Segundo Fernanda Sobral, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) publicou, no dia 11 de maio, um levantamento de que as universidades federais conduziam no Brasil, até aquele momento, pelo menos 823 pesquisas realizadas sobre o novo coronavírus. Além disso, havia pelo menos 96 ações de produção de álcool e produtos sanitizantes, e 104 ações de produção de medicamentos e proteção individual. As pesquisas vão desde a identificação do genoma do novo vírus que poderá possibilitar a produção de uma vacina, do trabalho de sistemas informatizados para computar os casos do novo coronavírus –identificando onde eles estão por georreferenciamento – a estudos para produção de testes mais acessíveis, uma vez que os testes produzidos hoje dependem de componentes tecnológicos importados.

“Nós queremos uma ciência, tecnologia e inovação em um projeto de nação democrática, soberana, mais rica e justa, menos desigual e com desenvolvimento sustentável”, afirmou Fernanda Sobral.

 

Lorena Vale / PT na Câmara

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